domingo, 22 de dezembro de 2013

A Liga da Justiça Interiorana

Eu e meus primos, estreitamos laços, quando eu e minha irmã fomos morar no Careiro.
Era delicioso esperar as férias, feriados, fins de semana, pra nos encontrarmos. Rolava muita brincadeira, muita briga, e muito tudo! Não tinha jogos eletrônicos nem nada disso...aliás, não tinha nem energia elétrica! Era na base da vela, lamparina, lampião e candeeiro! Mas quem precisava de jogos eletrônicos, se havia uma gama infindável do que fazer?! Naquela época, quem tinha TV em Manaus, já era bem de vida, e no Careiro, só os ricos tinham...pois cada um deles tinha um gerador de energia.
Num desses finais de semana da vida (dura vida), uma quantidade incontável de primos se reuniu em nosso "terreiro", pra brincarmos de manja pega, esconde, coca (eu sei que é cócoras...mas o blog é meu eu falo como quero), trepa e mais sabeseDeusoquê!!! Na onda dos superamigos, todos concordaram em ser um super-herói. Gritei (e esperniei horrores) que queria ser a mulher maravilha. Todas as meninas queriam...mas, eu ganhei na base do grito. A "liga da justiça" interiorana se espalhou pelos cajueiros e mangueiras que era fartura no quintal. Cada um fazendo algo de muitíssimo valor, pra salvar a terra. Resolvi que a mulher maravilha (eu), iria fazer compras (desde aquela época já lerê lerê), pra fazer almoço pros super amigos. Perguntei (só pra descarrego de consciência, pois já decidira o que faria), se poderia pegar umas folhas pra ser o dinheiro, e todos claro, concordaram. Vi, ao lado do galinheiro (a sala da justiça), um pé de pimenta doce, com folhas tão redondinhas e verdinhas, que quase acreditei que fossem dólares (na minha imaginação parecia). Comecei a colher algumas...e de repente (não mais que de repente), eu fiquei envolta, em uma nuvem de cabas de peixe (aquelas cabas amarelinhas que adoram café, mas não sei porquê raios o nome é caba de peixe). Havia arrancado a folha, onde na parte inferior, elas haviam feito sua casa. Imagina a ira das infelizes, para comigo...uma doce menina, magrela, loirinha, de olhos azuis estonteantes (eu posso me elogiar, o blog é meu). Senhores...que pena...minha beleza não as convenceu! Partiram para o ataque! Meu desespero era tão grande, que eu fiquei com medo de gritar e elas entrarem na minha boca e ferrarem meu estômago (!!!!!). Comecei a girar feito louca! E meus primos, vendo aquilo, acharam que a mulher maravilha, estava se transformando (era assim que a simples Diana, se transformava em mulher maravilha), para alguma missão. Até que, não aguentando mais a dor de um milhão de picadas (devem ter sido umas 20), espalhadas desde a cabeça até os pés, gritei desesperada! Foi quando caiu a ficha dos primos...e eles correram! Não senhores, não foi pra me ajudar, e sim pra fugirem das cabas! Me joguei no chão...e rolei de dor. Minha mãe, ao ouvir os gritos desesperados da "cria", se jogou pela porta da cozinha, em baixo (dava mais ou menos uns 2,5m de altura) e correu pra me acudir! Ela chorava mais que eu, ao ver a desgraceira que as cabas fizeram comigo. Naquele dia, a liga da justiça interiorana, se desintegrou, dada a covardia dos "super amigos" da onça! E a mulher maravilha, foi pro sal (era assim que eles tratavam picadas de caba no interior), sarar suas dores.

2 comentários:

  1. Hahaha que legal! Quem nunca pegou uma picada de caba, não sabe o que é desespero rs Legal ler essas histórias. Bjs.

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  2. E o abandono da "raça" foi demais!!! rsss

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